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Sem exigência de desempenho, partidos faturam dos impostos pelo menos R$ 720 milhões em 2017


Sem exigência de desempenho, partidos faturam pelo menos R$ 720 milhões em 2017

No ano em que o Congresso Nacional mudou as regras de distribuição de recursos públicos para partidos políticos, o sempre generoso fundo partidário engordou as contas de 35 legendas do país. A conta parcial, já incluído alguns repasses de dezembro, chegou a R$ 721,8 milhões.


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A pedido da Gazeta do Povo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez uma projeção final de quanto os partidos receberam ao todo no ano passado e esse valor irá superar os R$ 750 milhões. A forma como é dividido o bolo do fundo muda a partir de 2018, com a entrada em vigor da cláusula de desempenho, que vai exigir mais votos para um partido ter acesso a esses recursos.

O fundo é dinheiro público – conta com dotação do Orçamento, multas e penalidades eleitorais – que paga as mais diversas despesas dos partidos: de salário de dirigentes a gastos com despesas do dia a dia (como material de limpeza), de aluguel de aviões a honorários de advogados e aluguéis de prédios que viram sedes das legendas. E por aí em diante.

Mesmo partidos sem representação na Câmara – um dos critérios de distribuição dos recursos do fundo – abocanham uma fatia. Hoje, 35 partidos recebem o fundo e nem todos – dez ao todo – não tem sequer um deputado eleito.
Siglas mais beneficiadas

O PT ainda é o maior beneficiado: pelas contas, deve fechar 2017 tendo recebido perto de R$ 98,1 milhões. É seguido do PSDB, com R$ 81,1 milhões; e PMDB, com R$ 78,9 milhões. Até nanicos sem representatividade receberam a sua parte. O PRTB, do eterno presidenciável Levy Fidelix, que não tem nenhum deputado, ficou com R$ 4,3 milhões em 2017. Outras legendas, como PSTU (R$ 2,3 milhões), PCO (R$ 1,2 milhão) e PCB (R$ 1,5 milhão), também faturam sem ter representantes no Congresso.

Mas a reforma eleitoral aprovada ano passado complicou a vida dos partidos menores. A partir de agora, para ter acesso a recursos do fundo, os partidos terão que ter um desempenho mínimo nas urnas. Em 2018, as legendas precisarão alcançar 1,5% dos votos válidos para deputado federal em pelo menos nove estados, com um mínimo de 1% dos votos em cada um desses estados. Se não conseguir cumprir esse parâmetro, o partido poderá ter acesso também se tiver elegido pelo menos nove deputados federais por nove estados diferentes. Mas esses índices ficarão ainda mais rigorosos nas futuras eleições, chegando a 3% dos votos válidos em 2030.

O advogado eleitoral Paulo Fernando Melo entende que a maneira encontrada para dividir o bolo do fundo foi de certa forma "ardilosa" para beneficiar as grandes legendas, como PT, PMDB, PSDB e poucos outros. Para ele, a entrada em vigência da cláusula de desempenho vai exigir que os nanicos mudem a estratégia de campanha a partir deste ano para terem acesso aos recursos.

"Com a exigência da cláusula de desempenho, os partidos nanicos deixarão de investir em campanhas majoritárias, como de presidente e governador, e terão foco apenas nas disputas para deputados. A legenda vai escolher um número pequeno de candidatos à Câmara para investir seu dinheiro. Vai definir entre nove, ou pouco mais candidatos, em nove estados e apostar todas suas fichas ali para superar a cláusula", disse Melo.

“A nova regra, do desempenho, tende a acabar com os partidos de aluguel. Agora, terão que buscar votos. E lembrando que a partir de 2020 estarão proibidos, o que vale para todos os partidos, de fazer coligações”.

A bolada milionária do fundo partidário



Valores recebidos de fundo partidário em 2017:

TOTAIS

Oficial até novembro
R$ 692,1 milhões

Estimado incluindo dezembro
R$ 769,6 milhões

POR PARTIDO

PartidoOficial
Em R$ mi
Até nov
Estimado
Em R$ mi
Até dez
PT
83,3
98,1
PSDB
68,6
81,1
PMDB
66,8
78,9
PP
40,2
47,5
PSB
39,2
46,3
PSD
37,3
44,1
PR
35,3
38,1
PRB
27,9
33
DEM
25,8
30,5
PTB
24,7
29
PDT
22,4
26,2
SD
17,4
20,5
PSC
16,2
19,1
PV
13
15,4
PROS
12,6
14,6
PPS
11,4
13,1
PSOL
10,4
12,6
PCdoB
11,3
11,5
PHS
6,7
7,9
PSL
5,8
6,3
PODEMOS
5,3
6,3
PRP
5,2
6
PTdoB
Partido virou Avante
6
PEN
4,9
5,8
PSDC
4
4,6
PMN
3,8
4,4
REDE
3,7
4,4
PRTB
3,6
4,3
PTC
2,8
3,3
PSTU
1,9
2,3
PPL
1,7
2
PCB
1,3
1,5
PCO
0,980
1,1
NOVO
0,900
1
AVANTE
Antigo PTdoB
0,965
PMB
Partido "zerou" a bancada
0,900
Fonte: Redação. Infografia: Gazeta do Povo.

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