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Como Lula faz do PT uma “linha auxiliar” do PMDB || Empreiteiro aponta que secretário de Obras do RJ recebeu mais de R$ 1 milhão em propina



Como Lula faz do PT uma “linha auxiliar” do PMDB
O ex-presidente se finge de oposição, mas nunca deixou de trabalhar com o mesmo PMDB que o salvou do Mensalão

Na política brasileira, há um termo que define o papel de Lula no PT: “cacique”. O partido é grande, mas ele o conduz como se fosse pequeno, de aluguel. Ao menos desde o envolvimento de José Dirceu no Mensalão, o ex-presidente manda e desmanda lá dentro sem grande resistência.

 
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É com o PMDB de José Sarney e Renan Calheiros que Lula se livra da enrascada que Roberto Jefferson o meteu em 2005, garante palanque, governabilidade e a reeleição em 2006. É com esse PMDB que Lula se reúne uma década depois para discutir o avanço da Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff.


De poste programado para cumprir ordens na Presidência da República, Dilma se aproximou de Aloizio Mercadante para formar dentro do PT uma dissidência que se voltaria contra o uso que Lula fazia da sigla. E, para isso, era preciso reduzir a força do PMDB no governo.

Conforme revelou Bob Jeff em entrevista ao Roda Viva, o plano envolvia repetir contra o PMDB o mesmo sucesso do movimento articulado contra o Democratas anos antes: incumbir Gilberto Kassab da fundação de um partido e convidar os descontentes para a nova casa. Assim como o PSD reduziu o DEM ao segundo escalão do parlamento, a ideia era o refundado PL fazer o mesmo com peemedebistas.
Eduardo Cunha, que pedira votos para Dilma em 2010, percebeu o movimento e trabalhou dentro do partido uma resistência ao ataque na eleição seguinte. Foi quando virou desafeto da gestão petista, ganhando tanta força que venceria em primeiro turno a disputa para a Presidência da Câmara.

Mas, conforme revelaria Delcídio do Amaral também em entrevista ao programa da TV Cultura, a estratégia de Dilma e Mercadante ia além e deixava a Lava Jato se aproximar de Lula. Seria uma forma de vender a presidente como independente e honesta, alguém que não interferiria em benefício do padrinho. Por isso José Eduardo Cardozo não mexia no comando da Polícia Federal.

Nessa história, Marcelo Odebrecht participa de duas jogadas importantes.

O empreiteiro confessou em depoimento que, em 2014, gastara R$ 7,6 milhões bancando o movimento “Volta, Lula”. Mas, como todos sabem, a candidata petista foi mesmo Dilma. Porque Dilma traiu Lula. Há um bom número de colunistas políticos testemunhando o fato.

A segunda é a tal reunião entre Marcelo Odebrecht e Dilma Rousseff no México. Em que ele a teria alertado da conta suíça.

Dentro do contexto desenhado nos parágrafos anteriores, é possível entender que o filho de Emílio Odebrecht não a alertou, mas fez uma ameaça: ou a presidente da República protegeria Lula da Lava Jato, ou Odebrecht entregaria o que sabia, findando na queda dela.

Só com a prisão do empreiteiro que Dilma se tocou do risco. E passou a buscar com Cardozo e Delcídio uma forma de tirar M.O. da cadeia.

De quebra, colocou Eduardo Cunha em dificuldades para vender-lhe facilidades: em troca do engavetamento do processo no Conselho de Ética, queria o engavetamento do impeachment. Por isso tantas promessas de possuir cinco ministros do STF na manga.

O plano corria bem até que Lula contra-atacou e traiu Dilma, liberando a bancada petista a votar no Conselho de Ética contra Cunha, que respondeu de imediato aceitando o pedido de impeachment assinado por Janaína Paschoal. Na lógica escancarada em grampo por Romero Jucá, até para Lula seria melhor sacrificar a presidente e deixar a missão de deter o avanço da Lava Jato para Michel Temer.

O ex-presidente só mudou de postura após ser conduzido coercitivamente pela Lava Jato meses depois. Foi quando finalmente aceitou a oferta de foro privilegiado na Casa Civil de Dilma. Mas a jogada seria bloqueada por Gilmar Mendes – ironicamente, o nome do STF que mais combateria a operação após a troca de presidentes.

Para a opinião pública, interessa a Lula se vender como oposição ao governo Temer. E talvez até tenha sido por um breve momento. Mas, já na eleição de Rodrigo Maia, antes mesmo do julgamento do impeachment, a dupla trabalhou junto a vitória do presidente da Câmara. E um acordo de paz foi selado quando Marisa Letícia faleceu, e o ex-presidente recebeu a visita do presidente da República no Sírio-Libanês.

Lula esbraveja, mas, no fundo, torce para que o governo Temer consiga o principal objetivo do tal pacto escancarado por Jucá: melar a mesma Lava Jato que Dilma deixou se aproximar de todos eles.

De resto, o país segue aos cuidados do mesmo grupo que salvou Lula do Mensalão, com José Sarney indicando o comando da Polícia Federal, Renan Calheiros segurando a Constituição diante das câmeras para fatiar a cassação de Dilma, Eunício Oliveira comandando o Senado, e Michel Temer deixando de cumprir a promessa de afastar os ministros denunciados.

E com Lula trabalhando para que o petismo aposente a “narrativa do golpe”, afinal, na eleição de 2018, quer o apoio do PMDB onde puder. Pois, na prática, trata-se de um peemedebista usando o PT como “linha auxiliar”.
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Empreiteiro aponta que secretário de Obras do RJ recebeu mais de R$ 1 milhão em propina

rechos de um novo acordo de leniência ao qual a TV Globo teve acesso mostram que o esquema de pagamentos de propina no governo do Rio continuou na gestão de Luiz Fernando Pezão. De acordo com Marcos Andrade Barbosa Silva, que é diretor da empresa União Norte, o atual secretário estadual de Obras do Rio, José Iran, recebeu mais de R$ 1 milhão em propina.

(Correção: Ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que o empreiteiro Marcos Andrade Barbosa Silva havia feito uma delação premiada. Na realidade, a empresa fez um acordo de leniência. A informação foi corrigida às 12h45).

O acordo de leniência (espécie de delação premiada de uma empresa) faz parte da operação C'est Fini, que investiga fraudes no Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Na quinta-feira (23), a Polícia Federal prendeu o ex-presidente do DER, Henrique Alberto Santos Ribeiro, o ex-secretário de Casa Civil da gestão Sérgio Cabral, Régis Fichtner, e outras três pessoas por envolvimento em esquemas de propina.

Segundo depoimento do empreiteiro Marcos Andrade, o atual secretário de Obras passou a cobrar no máximo 1% sobre o valor dos contratos, e não mais 6% como era na gestão anterior. O delator Marcos Andrade é diretor comercial da empreiteira União Norte Fluminense Engenharia e Comércio Limitada, empresa responsável por obras na na RJ-186, estrada que liga as cidades de Santo Antônio de Pádua a Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste Fluminense.

A propina, segundo o empreiteiro, era paga ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e ao Governo. No depoimento, ele cita o ex-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem e o presidente afastado do TCE, Aloysio Neves, que está em prisão domiciliar. Ele diz que na RJ-186, por ser uma obra muito cara, negociou 0,5% do valor total do contrato. E afirmou ainda que Henrique Ribeiro mandou pagar diretamente a Aloisio Neves o valor de R$ 1,1 milhão. O pagamento, segundo ele, foi realizado em parcelas entre março e junho de 2014.

Marcos Andrade diz que com a saída de Sérgio Cabral e a entrada de Luiz Fernando Pezão em 2015, José Iran passou a acertar os pagamentos. Ele diz que a obra estava parada e procurou o secretário para que o governo liberasse o dinheiro e que pudesse acertar os novos percentuais de propina ao secretário.

O delator afirmou que estava preocupado com a Lava Jato e acordou baixar o valor de 6% para 1%. Segundo o delator, esse 1% representou cerca de R$1,1 milhão pagos entre abril de 2015 e meados de 2016. A delação aponta que a partir de 2015 os pagamentos passaram a ser feitos na casa do secretário, na Barra da Tijuca.

O secretário José Iran Peixoto Júnior disse que a acusação é absurda e não tem fundamento, uma vez que a gestão da obra foi do Departamento de Estradas e Rodagem.



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