PF Vê Indícios E Aponta Que Rodrigo Maia Levou Mais De R$ 120 Milhões Em Propina E Caixa Três
Em relatório de um dos inquéritos que investigam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a Polícia Federal apontou indícios de que suas campanhas receberam dinheiro de empresas a mando da Odebrecht, prática chamada pelos investigadores de “caixa três”. Desde que vieram a público as delações de donos e executivos da empreiteira, em abril, apontava-se a Cervejaria Petrópolis, que fabrica a Itaipava, como a principal parceira da Odebrecht no caixa três.
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Segundo a Odebrecht, a cervejaria doou nas eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014 cerca de R$ 120 milhões a diversos políticos a pedido da empreiteira – e usou ainda outras duas empresas com as quais mantinha negócios. Agora, as investigações têm buscado os beneficiários, que não foram devidamente identificados nas delações.
DOAÇÃO A MAIA – No seu relatório, a PF destacou ter localizado na prestação de contas da campanha de Maia de 2014 uma doação de R$ 200 mil da empresa Praiamar Indústria Comércio e Distribuição, ligada à Cervejaria Petrópolis. A Praiamar doou ao diretório nacional do DEM, que repassou a Maia.
Também em relação a 2014, a PF anotou haver doações da Cervejaria Petrópolis ao diretório nacional do DEM, no valor de R$ 6,1 milhões.
Já em 2010, segundo a polícia, a campanha de Maia à Câmara recebeu R$ 389 mil do diretório estadual do DEM fluminense. O diretório, por sua vez, havia recebido R$ 20 mil da Praiamar e R$ 80 mil da Leyroz Caxias Indústria Comércio e Logística, outra empresa ligada à Cervejaria Petrópolis.
SEM VERIFICAÇÃO – Até aquele ano, o sistema da Justiça Eleitoral não permitia verificar a fonte original de recursos que chegassem às campanhas por meio de diretórios partidários. A PF observou que é “certo de que existe a possibilidade de [os valores repassados a Maia pelo diretório] terem sido originados das referidas empresas parceiras da Odebrecht [Praiamar e Leyroz]”.
Investigado no mesmo inquérito, o pai do presidente da Câmara, o vereador do Rio Cesar Maia (DEM), também recebeu doação de R$ 50 mil da Cervejaria Petrópolis. O repasse foi via diretório nacional do DEM em 2014, quando ele disputou uma vaga no Senado e perdeu.
O relatório da PF é de 28 de junho e se tornou acessível no inquérito no final de novembro.
TRIANGULAÇÃO – Em depoimento à PF em julho, o dono da Cervejaria Petrópolis, Walter Faria, disse que estreitou relações com a Odebrecht após a empreiteira construir suas fábricas. Em 2010, segundo Faria, o então executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ, lhe perguntou se ele poderia fazer doações eleitorais.
Segundo Faria, “BJ lhe explicou que [a empreiteira] não desejava figurar como a maior doadora para políticos”. O empresário disse que, apesar de ter topado, também não queria aparecer como grande doador. Foi então que o dono da Praiamar e da Leyroz, Roberto Fontes Lopes, “grande distribuidor do Grupo Petrópolis”, lhe disse que gostaria de doar a políticos.
O dono da cervejaria afirmou que não dava a Lopes o dinheiro para as doações, mas “fornecia ‘uma gordura’ na negociação dos preços das bebidas que eram distribuídas” pela Praiamar e pela Leyroz.
ACERTOS – Em regra, afirmou, o dinheiro saía da Petrópolis a pedido da Odebrecht e depois era “debitado de uma conta corrente” mantida entre a cervejaria e a empreiteira. Nos acertos, segundo Faria, a cervejaria chegava a ganhar descontos da Odebrecht na construção de fábricas.
Faria entregou à PF uma tabela que, segundo ele, distingue as doações que foram feitas pela cervejaria espontaneamente das que foram a pedido da Odebrecht. Entre essas últimas estavam os R$ 6,1 milhões ao DEM em 2014.
A PF também ouviu Lopes, dono da Praiamar e da Leyroz. Ele afirmou que quis fazer doações de boa-fé, para ganhar reconhecimento, e não detalhou as contribuições a Maia.
MAIA SEM DEPOR – De julho a novembro a PF tentou ouvir Maia nesse inquérito. Houve um adiamento, a pedido da defesa, mas mesmo assim Maia não compareceu na data marcada. O depoimento foi remarcado para 3 de outubro. Nesse dia, porém, chegou à PF uma petição da defesa argumentando que pedira ao relator do caso no STF, Edson Fachin, para redistribuir o inquérito sob a alegação de que não havia conexão entre essa apuração e a Lava Jato.
A presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, decidiu manter o caso com Fachin. A defesa de Maia recorreu, mas a decisão foi mantida.
O advogado de Maia, Danilo Bonfim, disse à Folha que o deputado já foi ouvido pela PF. Ele não quis comentar o teor do depoimento.
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Fernando Collor pode se candidatar à Presidência nas eleições de 2018
Em tempos de retrospectivas de fim de ano, uma notícia parece estar relembrando os acontecimentos da década passada. Isso porque o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) estaria cogitando um 'repeteco' da sua campanha em 1989 e pensa em se candidatar, nas eleições de 2018, ao cargo de presidente da República do Brasil.
Tal notícia foi veiculada, neste fim de semana, pelo site da revista Época . De acordo com a publicação, o também ex-presidente Fernando Collor vem manifestando esse interesse político às pessoas que são próximas a ele.
O parlamentar estaria interessado em concorrer ao cargo mais alto do Poder Executivo no ano que vem, em substituição ao seu mandato no Senado Federal, que só vai terminar em 2022. O senador não chegou a confirmar tal informação.
O problema é que, assim como outros políticos de grande expressão no cenário e no histórico brasileiro, Collor responde a investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode prejudicá-lo na eventual campanha.
Réu na Lava Jato
Collor é réu nas investigações da Operação Lava Jato . A Procuradoria-Geral da República acusa o parlamentar de receber R$ 29 milhões em propina pela suposta influência política na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, além de Collor, estão envolvidos no suposto esquema a mulher do senador, Caroline Collor , e mais seis acusados que atuavam como “operadores particulares” e “testas de ferro” no recebimento dos valores.
Sobre a acusação que tramita no STF, Collor afirma que “como no passado, terá oportunidade de comprovar sua inocência".
O ex-presidente ainda afirmou, quando a denúncia foi aceita, que os ministros da Corte repudiaram os “excessos da acusação”.
“Mesmo em relação ao remanescente da denúncia, a Corte apontou o absurdo da multiplicidade de acusações em relação a um mesmo fato, ressaltando que nessa etapa não fazia qualquer juízo quanto à existência ou não de crime”, informa a nota.
Quando apresentada a denúncia, apesar de ter sido votada favoravelmente por unanimidade pelos cinco ministros da 2º Turma do STF, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli e o relator da Lava Jato, Edson Fachin, Mendes e Toffoli apontaram que havia “excessos” na acusação da PGR.
Durante a primeira parte do julgamento, os advogados do político defenderam a rejeição da denúncia. A defesa sustentou, durante o julgamento, que não havia provas de que o parlamentar teria recebido dinheiro desviado. Para o advogado Juarez Tavares, não há ato de ofício que possa comprovar contrapartida por parte de Fernando Collor para receber a suposta propina.
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