“Pessoas vão ver nisso um cenário de terra arrasada, eu vejo um cenário de oportunidade para reconstrução … Se nós não tivéssemos esse diagnóstico tão claro na nossa frente seria muito difícil olharmos para reformas”.
Herói para alguns e vilão para outros. Por função, apenas procurador da República. Deltan Dallagnol construiu sua história na coordenação da força-tarefa da Operação Lava Jato e conta parte dela em livro, lançado nesta terça-feira, em São Paulo. Diz que não é super-herói nem o Brasil precisa de um. Aliás, não acredita que seja esse o caminho para atacar o “sistema político apodrecido” – fenômeno que, segundo ele, se manifesta tanto nas denúncias contra o ex-presidente Lula quanto na situação enfrentada agora pelo presidente Michel Temer:
Se não tratarmos a causa desse problema, nós continuaremos com esse problema. Vão mudar as lideranças, vão mudar os rostos, mas o problema vai continuar existindo”.
Em entrevista ao Jornal da CBN, na manhã desta terça-feira, Dallagnol puxou conversa para dois temas de sua preferência: o livro “A luta contra a corrupção – a lava jato e o futuro do país marcado pela impunidade” (Primeira Pessoa) e as 10 medidas de combate a corrupção, encaminhadas ao Congresso Nacional com apoio popular e controvérsia política.
Tanto um assunto como o outro tratam diretamente sobre o que assistimos nesse momento no País: ontem, Lula foi denunciado mais uma vez por corrupção e lavagem de dinheiro: hoje, dois governadores do Distrito Federal foram presos; e, por um bom tempo, Michel Temer vai ter de dar explicações sobre suas conversas pouco republicanas com um empresário que se aproveitou da bandalheira política que impera no Brasil.
Mesmo acostumado em investigar tantas falcatruas, o procurador disse que “os novos acontecimentos nos estarrecem”. E se mostra incomodado com o fato de os políticos irem a público apenas para negar o que fizeram.
“Ninguém vem a público para reconhecer os crimes e se afastar da vida pública, como em outros países. Todo mundo vem a público negar, negar, negar. A mensagem implícita é de desrespeito a todos nós, como se estivéssemos sendo feito de bobos”
A safadeza dos políticos brasileiros também pode ser combatida com política, pensa o procurador. Ao mesmo foi o que entendi nas suas palavras quando defendeu que se não gostamos das pessoas que estão no Congresso, em 2018 teremos oportunidade para colocar outras no lugar delas: que não estejam sendo investigadas e processadas por um crime.
Ouça a entrevista completa com o procurador da República Deltan Dallagnol:
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